Cidade da Guiana Francesa na fronteira com o Brasil permanece confinada e preocupa a França

Na fronteira fluvial entre a Guiana Francesa e o Amapá, Saint-Georges de l’Oyapock é a única cidade do lado francês que continua confinada. Cidade de 4.220 habitantes tem 37 casos da Covid-19 confirmados e propagação do vírus em alta. Na fronteira fluvial entre a Guiana Francesa e o Amapá, Saint-Georges de l’Oyapock é a única cidade do lado francês que continua confinada. Com seus 37 casos da Covid-19 confirmados e uma propagação do vírus em alta, a cidade de 4.220 habitantes é um foco que preocupa a França. Nos últimos dois dias, 17 dos 18 novos casos positivos da Guiana Francesa confirmados eram provenientes de Saint-Georges. “Isso não vai parar por aqui”, alerta Mirdad Kazanji, diretor do Instituto Pasteur de Caiena que realiza dois terços dos testes de detecção do coronavírus na região. Ao todo, Saint-Georges conta com quase um quarto dos 164 casos confirmados de toda a Guiana Francesa e uma morte. Saint-Georges é um foco da Covid-19 devido a sua proximidade com Oiapoque, no Amapá. A cidade brasileira de 27.270 habitantes, que fica do outro lado do rio que serve de fronteira, vem sendo duramente atingida pelo vírus com 57 casos confirmados, entre eles uma vítima fatal, e 151 casos suspeitos.  Oiapoque é uma cidade de trânsito de pessoas, entre elas garimpeiros, que trabalham em minas ilegais no lado francês. Segundo a Agência Regional da Guiana Francesa, a contaminação inicial em Saint-Georges começou em Oiapoque. O Amapá ultrapassou na quarta-feira (13) os 3 mil casos confirmados e já tem 94 mortos.    Saint-Georges tem ligações regulares com o Brasil: dois terços dos habitantes são brasileiros. “A vigilância deve aumentar na fronteira com o Brasil”, afirmou em abril uma nota do grupo interministerial de crise anti-Covid, que foi revelada por um site local, a Guyaweb. “A situação tende a se agravar (...) devido à progressão da Covid-19 e do fato que as medidas de confinamento são pouco ou nada respeitadas do lado brasileiro”, acrescentou o documento. Controle reforçado O documento observa também um “aumento das tentativas de atravessia” para o lado francês constatado pela polícia na fronteira, que “impediu a entrada de quase 80 embarcações entre 15 e 17 de abril”. Segundo a nota, para enfrentar o “risco elevado”, o dispositivo da polícia de fronteiras francesa foi reforçado em Saint-Georges, com a chegada do Exército da Guiana em 19 de abril. Essa informação foi confirmada pela prefeitura da cidade à agência AFP. Os primeiros casos de contaminação foram notificados em Saint-Georges em 23 e 24 de abril. A população da Guiana Francesa, como praticamente todo o território francês (com exceção da ilha de Mayotte), foi liberada do confinamento na segunda-feira (11). Mas neste contexto, a cidade de Saint-Georges continua confinada. “Nós consideramos o desenvolvimento rápido da epidemia do lado brasileiro de Oiapoque e de suas consequências em Saint-Georges (...) Os resultados de terça-feira e de quarta-feira mostram que o vírus circula ativamente e validam a continuação do confinamento”, explicou à AFP o comissário do departamento Marc Del Grande. Outro problema é que a quarentena também não estaria sendo respeitada do lado francês. “Eu lamento que as pessoas de Saint-Georges continuem festejando aniversários durante o confinamento”, disse o prefeito da cidade Georges Elfort. Segundo Del Grande, a quarentena “evitou várias ocasiões de contatos e de circulação do vírus. A ideia é não suprimir brutalmente essa medida eficaz. Ela foi flexibilizada”, anunciou Del Grande. Antes os moradores não podiam sair de casa entre 21h e 5h, agora o toque de recolher passa a valer a partir das 23h. A venda de álcool permanece proibida de 18h a 8h. Para Kaznki, “se houver relaxamento, o que já é observado, o vírus poderá chegar nos bairros mais pobres, onde as pessoas vivem muito próximas umas das outras, e causar as mesmas mortes que no Amapá, porque temos os mesmos modos de vida.” Paralelamente, na segunda-feira, a Agência Regional de Saúde reconheceu a “falta de estoque de reagentes necessários para os testes” em vários laboratórios da Guiana Francesa, entre eles o de Caiena, o que poderia dificultar o diagnóstico de novos casos. Initial plugin text

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