Combate às queimadas é consenso entre líderes no encontro do G7

Nem todos os europeus concordam sobre o impacto que os focos de incêndio podem ter no acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Combate às queimadas é consenso entre líderes no encontro do G7 As queimadas na Amazônia tiveram destaque no primeiro dia do encontro do G7, na França. O grupo dos países mais avançados do mundo foi unânime em dizer que é preciso cuidar da floresta, mas se dividiu sobre qual deve ser o impacto do assunto no acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Para sediar um encontro tenso em que a tônica é a falta de consenso sobre as principais questões mundiais, a França escolheu um lugar inspirador à beira do Atlântico. Mas nos três dias em que vão passar em Biarritz, os líderes dos países do G7, o grupo que é também conhecido como clube dos ricos, mal vão poder respirar esse ar puro. Vão passar a maior parte do tempo entre o fogo da Amazônia e uma guerra comercial. A batalha que tira o sono desses líderes é entre a China e os Estados Unidos, e seus efeitos já vêm sendo sentidos nas economias de diversos países, inclusive na do Brasil. A Europa, que vive uma fase de baixo crescimento econômico, espera convencer Donald Trump de que ele precisa resolver a questão com os chineses o mais rapidamente possível. Foi também por isso que o primeiro encontro bilateral do anfitrião francês, antes mesmo da abertura do G7, foi com o presidente americano Donald Trump. A conversa foi particular e a fala de Trump foi só para entreter os fotógrafos. Pouco antes desse almoço, no entanto, Macron tinha dito que “tensões, especialmente as tensões comerciais, fazem mal a todos”. Mas, se até quinta-feira (22) parecia certo que a guerra comercial entre China e Estados Unidos seria o grande assunto do G7, a crise internacional iniciada pela troca de acusações entre os presidentes da França e do Brasil colocou a Amazônia no topo da agenda. Assim que o dia amanheceu em Biarritz, o presidente francês Emmanuel Macron deixou claro que, ainda que a maior parte da Amazônia esteja em solo brasileiro, a França pretende tratá-la como um bem de todo o planeta. “A Amazônia é nosso bem comum. A França se preocupa ainda mais do que os outros países que se sentarão à mesa pois também somos amazônicos”, disse o presidente francês. De fato, a França é dona de uma parte da Amazônia, pois a Guiana Francesa, o território francês que faz fronteira com o Amapá, tem 90% de sua área cobertos pela floresta. “Não lançaremos apenas um chamado, mas uma mobilização com todas as partes envolvidas, uma parceria com os países amazônicos para investir, num primeiro momento, na luta contra essas queimadas e para ajudar o Brasil e todos os países envolvidos”, declarou Macron. O tom das declarações foi bem diferente da troca de acusações dos últimos dias com o presidente Jair Bolsonaro. Emmanuel Macron agora fala em parceria com o Brasil e quer investir, num segundo momento, no reflorestamento, permitindo que os moradores da região e as ONGs possam preservar a floresta. Durante a semana, Macron protagonizou uma ofensiva contra o presidente Jair Bolsonaro. Analistas políticos da França estão vendo nesse movimento, e especialmente na investida contra o acordo comercial com o Mercosul, uma reaproximação de Macron com a esquerda francesa e, principalmente, com os produtores agrícolas, que temem a concorrência dos produtos brasileiros. O jornal francês “Liberation” diz que, desde julho, já havia um movimento no governo um movimento contrário ao acordo com Mercosul. Neste sábado (24), Donald Tusk, o presidente do Conselho Europeu, também lamentou as queimadas na Amazônia e, de certa forma concordando com Emmanuel Macron, disse que “é difícil imaginar um processo harmonioso de ratificação do tratado com o Mercosul por parte dos países europeus enquanto o governo brasileiro permitir o desmatamento da Amazônia". Indo na direção contrária, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que ninguém pode usar a Amazônia como desculpa para interferir com o livre comércio ou frustrar acordos comerciais. Como a abertura do G7 não passou de um jantar informal, vai ser entre domingo (25) e segunda-feira (26), nas salas de reunião, que os temas mais espinhosos vão ser postos à mesa. O governo espanhol declarou à agência de notícias France-Presse que não concorda com a posição de bloquear o acordo com o Mercosul por causa da situação na Amazônia. Apesar de não fazer parte do G7, a Espanha faz parte da União Europeia e precisa ratificar o acordo junto com outros 26 países do bloco. De acordo com o governo espanhol, o acordo já prevê cláusulas ambientais. Na sexta-feira, a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, já tinha dito que barrar o acordo não é a resposta apropriada às queimadas na Amazônia.

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