Bispos católicos pedem 'medidas sérias' contra queimadas na Amazônia


CNBB e Celam divulgaram notas sobre incêndios florestais deste ano. Convocados pelo Papa Francisco, líderes religiosos da região se reunirão no Vaticano, em outubro, em sínodo dedicado às questões da Amazônia. Papa Francisco recebe bispos no Vaticano, em 1º de maio Reuters/Yara Nardi Duas importantes organizações de bispos católicos divulgaram, nesta semana, notas demonstrando preocupação com o aumento das queimadas na Amazônia. Na sexta-feira (23), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pediu "providências urgentes" para conter os "absurdos incêndios" e o Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) afirmou na quinta-feira (22) que as queimadas têm "proporções planetárias". As notas aparecem no contexto da preparação do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, que será realizado entre 6 e 27 de outubro, no Vaticano. Convocado pelo Papa Francisco, o evento é uma reunião de autoridades da Igreja Católica para discutir e propor soluções para um tema específico -- neste caso, como enfrentar os problemas religiosos, sociais e ambientais da região amazônica. Entenda por que o Vaticano prepara um encontro sobre a Amazônia Como a maior parte do território da Amazônia está no Brasil, o sínodo terá muitos participantes brasileiros. Autoridades do governo federal brasileiro já manifestaram preocupações com o tema do sínodo. Embora os representantes da Igreja digam que se trata de um evento voltado para suas próprias atividades, são esperadas críticas às políticas ambientais dos governos da América Latina e à exploração internacional da floresta. Os países amazônicos são Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. No total, a região abrange cerca de 34 milhões de pessoas, sendo mais de 3 milhões de indígenas de 390 grupos étnicos diferentes. Vaticano cogita permitir que homens casados se tornem padres na Amazônia Queimadas e desmatamento estão relacionados na Amazônia; entenda CNBB pede 'equilíbrio e responsabilidade' Presidida pelo arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, a CNBB afirma, em nota, que "os absurdos incêndios e outras criminosas depredações [da Amazônia] requerem, agora, posicionamentos adequados e providências urgentes". "É urgente que os governos dos países amazônicos, especialmente o Brasil, adotem medidas sérias para salvar uma região determinante no equilíbrio ecológico do planeta – a Amazônia. Não é hora de desvarios e descalabros em juízos e falas." - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) O documento é assinado por Dom Walmor e também pelos dois vice-presidentes da CNBB, Dom Jaime Spengler e Dom Mário Antônio da Silva, além do secretário-geral da instituição, Dom Joel Portella Amado. A CNBB é uma organização que reúne todos os bispos do Brasil, oferecendo orientações e organizando campanhas, mas não tem poder de decisão sobre as dioceses, paróquias e comunidades religiosas. Celam demanda 'medidas sérias' dos governos A nota do Celam afirma que os incêndios florestais são uma "tragédia" não só na Amazônia, mas também no Alasca, na Groenlândia, na Sibéria e nas Ilhas Canárias. Entretanto, demanda "medidas sérias" especialmente dos governos de "Brasil e Bolívia, as Nações Unidas e a comunidade internacional". "O que acontece com a Amazônia não é apenas uma questão local, mas de alcance global. Se a Amazônia sofre, o mundo sofre." - Conselho Episcopal Latino-americano (Celam). O documento é assinado pelo presidente do conselho, Dom Miguel Cabrejos Vidarte, arcebispo de Trujillo (Peru); o cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, que é o primeiro vice-presidente do Celam; o cardeal-arcebispo de Manágua (Nicarágua) e segundo vice-presidente, Dom Leopoldo José Brenes Solórzano; o presidente de assuntos econômicos, Dom Rogelio Cabrera López, arcebispo de Monterrey (México); e o secretário-geral, Dom Juan Carlos Cárdenas Toro, bispo auxiliar de Cali (Colômbia). Sínodo sobre Amazônia é 'de urgência', diz Francisco Em diversas ocasiões, o Papa Francisco falou sobre a região da Amazônia. A mais recente foi durante uma entrevista ao jornal italiano "La Stampa", publicada em 9 de agosto. Segundo Francisco, o sínodo sobre a Amazônia é uma reunião "de urgência", mas não se trata de um parlamento, e sim uma reunião de pastores. "[A Amazônia] é um lugar representativo e decisivo. Junto aos oceanos contribui de maneira determinante à sobrevivência do planeta", declarou Francisco. "A Amazônia envolve nove países, portanto não se trata de uma só nação. Penso na riqueza da biodiversidade amazônica, vegetal e animal: é maravilhosa", afirmou, segundo o "La Stampa". Papa diz que mentalidade 'cega e destruidora' prevalece na Amazônia André Trigueiro: Uma encíclica para mudar o mundo Papa Francisco cumprimenta indígena em Puerto Maldonado, na Amazônia peruana Alessandra Tarantino/AP Photo Governo brasileiro anuncia medidas Diante da recente crise ambiental, causada pelo aumento das queimadas na Amazônia e sua repercussão internacional, o governo brasileiro anunciou medidas para o combate ao fogo. Na sexta-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro autorizou o envio das Forças para estados afetados pelas queimadas. As tropas federais já podem atuar em Roraima, Rondônia, Tocantins e Pará. Bolsonaro promete 'tolerância zero' com crime ambiental em fala na TV sobre Amazônia Jair Bolsonaro faz pronunciamento sobre queimadas na Amazônia

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