Amazônia terá R$ 90 milhões do G7 para queimadas, diz presidente francês

Emmanuel Macron fez o anúncio no encerramento do encontro. Em sua Assembleia Geral, em setembro, a ONU organizará um evento específico para tratar da Amazônia. Amazônia terá R$ 90 milhões do G7 para queimadas, diz presidente francês O presidente da França tem sido o líder estrangeiro mais eloquente nas críticas à postura do governo brasileiro em relação à Amazônia. Por isso mesmo, tem sido o alvo de críticas abertas do presidente Jair Bolsonaro. Nesta segunda-feira (26), na cidade francesa de Biarritz, Emmanuel Macron foi o porta-voz de duas declarações de peso sobre o assunto. Primeiro, ele anunciou uma ajuda dos países do G7 para combater as queimadas, no valor equivalente a R$ 91 milhões de reais. Depois, diante de repórteres do mundo todo, Macron defendeu um "estatuto internacional" para defender a floresta. O plano improvisado, feito às pressas depois que o presidente da França chamou a atenção do mundo para os incêndios na Floresta Amazônica, foi apresentado nesta segunda, também de maneira improvisada. Logo cedo, o governo do primeiro-ministro Boris Johnson se antecipou a todos e disse que o Reino Unido doaria o equivalente a R$ 50 milhões para o Brasil combater os incêndios. Mais tarde, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, informou que ajudaria emprestando aviões-tanque e doando o equivalente a mais de R$ 46 milhões para os países da Região Amazônica. No começo da tarde, numa entrevista coletiva, o presidente da França, Emmanuel Macron, fez um anúncio em nome de todos os líderes do G7: disse que eles haviam decidido gastar, juntos, o equivalente a R$ 91 milhões para apagar os incêndios, citando também uma ajuda para toda a região amazônica. Não ficou claro se as ajudas britânica e canadense fazem parte desse pacote conjunto ou se vão além dele. O objetivo imediato do G7 é mandar ajuda por terra e, principalmente, aviões-tanque para despejar água sobre os milhares de focos de incêndio que destroem a floresta. De acordo com Macron, o plano do grupo inclui ainda uma segunda fase, com ênfase no reflorestamento, algo que será discutido em setembro durante a Assembleia-Geral da ONU em Nova York. Falando a repórteres em Biarritz, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, anunciou que vai organizar um evento específico durante a assembleia para tratar da Amazônia. Ele disse que espera mobilizar mais recursos, mas espera também um engajamento dos países amazônicos no que chamou de “vontade coletiva da humanidade para preservar esse patrimônio universal absolutamente essencial”. O presidente americano, Donald Trump, faltou à reunião do G7 sobre o meio-ambiente. A Casa Branca disse que a agenda de Trump, com outros encontros bilaterais, impediu a participação e que um integrante do governo americano o representou. Macron disse que a ausência não foi um problema e que Trump está plenamente comprometido com o plano de ajuda à Amazônia. O Chile não faz parte do G7, mas seu presidente, Sebastián Piñera, também estava na cidade de Biarritz como convidado e teve papel fundamental na negociação do plano com os governantes da América do Sul. “Em vez de entrarmos em confronto, temos que colaborar e, por isso, estamos tão felizes de ter conseguido chegar a um acordo com os países amazônicos, respeitando suas soberanias”, disse o presidente do Chile. Quem lidera esse movimento, no entanto, é o presidente da França. Emmanuel Macron despertou a atenção do mundo para o problema na quinta-feira (22), quando publicou numa rede social um alerta em que dizia: “Nossa casa está em chamas”. Ele lembrou que a França é dona de uma grande porção de terra coberta pela Floresta Amazônica, a Guiana Francesa – um território francês que faz fronteira com o Amapá. E, depois disso, ao mesmo tempo em que trocava acusações com Jair Bolsonaro, o presidente francês começou a se articular para que os outros países ricos reunidos em Biarritz apoiassem seu plano. Nesta segunda, em uma referência velada a Bolsonaro, que reagiu às cobranças como uma tentativa de ingerência em assuntos internos do Brasil, Macron disse que o tema é tão importante que ninguém mais poderá dizer: “Isso é problema meu”. Desde que começou seu enfrentamento com o presidente Jair Bolsonaro, o presidente francês Emmanuel Macron vem falando da Floresta Amazônica como um bem mundial, um problema de todo o planeta. Nesta segunda, ao anunciar o plano de emergência do G7, Macron falou abertamente sobre a possibilidade de que o mundo venha um dia a ter alguma forma de poder sobre a Amazônia. “A realidade é que associações, ONGs e também certos atores jurídicos internacionais levantaram a questão de saber se é possível definir um estatuto internacional da Amazônia”. A palavra francesa que Macron usou, “statut”, tem dois significados: estatuto ou status. E isso gerou confusão na imprensa internacional, até mesmo na França. Alguns jornalistas entenderam que Macron estava propondo definir “um status internacional para a Amazônia”, enquanto outros entenderam que era “um estatuto internacional para a Amazônia”. Como ele menciona questões jurídicas, o mais provável é que Macron tenha sugerido a criação de um estatuto, um marco regulatório definindo regras para proteger a floresta. Logo depois de falar sobre isso, ele prosseguiu: “Não é o caso de nossa iniciativa hoje, mas é uma verdadeira questão que se colocaria se um Estado soberano tomasse de maneira clara e concreta medidas que se opõem ao interesse de todo o planeta. Então há todo um trabalho jurídico e político a ser feito. É um tema que permanece aberto e continuará a prosperar nos próximos meses e anos”. O líder indígena brasileiro Raoni Metuktire foi a Biarritz, se reuniu com Macron e falou aos líderes do G7. Depois, numa entrevista coletiva, Raoni disse que o presidente Jair Bolsonaro está incitando os produtores rurais a fazerem incêndios: “Não vimos esse tipo de fogo antes de Bolsonaro. Pensamos que muitos pecuaristas e mineradoras sentem que Bolsonaro os apoia para fazer esses incêndios”.

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