Com o objetivo de quebrar recorde do Guinness, jovem nordestino pretende conhecer 196 países em pouco mais de 1 ano


'Meu maior sonho é fazer as pessoas que não acreditam em si acreditarem', disse Anderson Dias, que detém o título de humano mais rápido do mundo a conhecer os países da América. Anderson nasceu na Bahia, mas diz ser pernambucano de coração e se orgulha ao mostrar a bandeira do estado na Eslovênia Anderson Dias/Arquivo Pessoal Um ano, cinco meses e 29 dias. Esse é o tempo em que o empresário Anderson Dias, de 24 anos, pretende conhecer os 196 países da Terra. Além de quebrar um recorde do Guinness Book, o jovem também quer levar inspiração para as pessoas. "Meu maior sonho é fazer as pessoas que não acreditam em si acreditarem E mostrar para [essas] pessoas que todos nós temos um dom que deve ser desenvolvido", disse. Ele relata as experiências pelas quais passa nos países por meio de um perfil no Instagram - o "196 sonhos". Anderson nasceu em Salvador, na Bahia, mas veio morar em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, aos 5 anos de idade. Após concluir o ensino médio, o jovem quis cursar faculdade no Recife, mas na época ele estava passando por dificuldades financeiras. Apesar dos problemas, o empresário não desistiu e foi morar na capital pernambucana após conseguir juntar R$ 350. A vontade de conhecer todos os países do mundo surgiu após um intercâmbio na Irlanda. Anderson teve a ideia de vender capinhas de celular nas ruas e nos ônibus do Recife. Com a venda dos produtos, ele conseguiu juntar R$ 30 mil para viajar até o país europeu. O jovem trabalhou cerca de 16 horas por dia em pouco mais de três meses até arrecadar a quantia. Anderson visitou a praia de Isla Mujeres, em Cancún, no México Anderson Dias/Arquivo Pessoal Durante a estadia de 6 meses na Europa, ele trabalhou legalmente, conheceu 12 cidades e aprendeu um pouco de inglês e espanhol. "Eu fiz o intercâmbio na intenção de abrir minha mente de alguma forma, de trabalhar, viajar e juntar algum dinheiro para conhecer outros países. Depois voltei para o Brasil na intenção de fazer coisas diferentes", contou. Após conhecer um pouco mais sobre o Guinness World Records, Anderson encontrou um modo de marcar o mundo com a motivação dele em realizar sonhos: ele decidiu conhecer todos os países do planeta em menos tempo do que o recorde atual, que é da norte americana Cassandra de Pecol, que realizou o feito em 1 ano, 6 meses e 26 dias. Segundo Anderson, o roteiro foi elaborado de forma estratégica: conhecer primeiro a América para bater o recorde de humano mais rápido do mundo a conhecer os 35 países do continente - título já conquistado por ele. "O planejamento da viagem inteira foi feito baseado em melhor escolha por clima, dinheiro, rota, baixa estação e visualização de mídia", disse. O sonho de quebrar o recorde mundial e de levar inspiração para o mundo começou em maio deste ano, quando Anderson viajou para o Paraguai. Desde então, ele passou por países como México, Inglaterra, Noruega, Rússia e Peru. Nesta última, o jovem visitou Machu Picchu, que é uma das sete maravilhas do mundo moderno. Atualmente no Kosovo, o empresário relatou à reportagem do G1 algumas das experiências e dificuldades encontradas durante as viagens. "Eu sofri preconceito na América Central, em Trinidad e Tobago. Fui muito maltratado por ser branco, não queriam estar perto de mim, me cobravam mais caro, foi bem díficil. Além do preconceito, fui assaltado e sofri xenofobia na Guiana. Também passei frio, uma sensação de - 15ºC na Bolívia", falou. "Eu sou entusiasmado com as mudanças de rotina e agora estou tendo essa mudança a cada três ou quatro dias, e em vários países. Então está sendo super apaixonante fazer o que estou fazendo", Anderson Dias. Durante as viagens, o jovem também revelou um momento bastante emocionante: ver uma aurora boreal em Reykjavík, capital da Islândia. "Foi impagável. Poucas vezes na minha vida eu chorei vendo uma paisagem". Jovem empresário viu uma aurora boreal na Islândia e considerou esse momento um dos mais emocionantes da vida dele Anderson Dias/Arquivo Pessoal Anderson Dias também já teve a oportunidade de conhecer o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia - local onde os nazistas matavam os judeus durante o governo de Adolf Hitler. "Provavelmente [em Auschwitz] é uma das poucas fotos [que tenho e] que eu não estou sorrindo. Na verdade foi difícil até pedir para tirar a foto, todos estavam sem reação, sem expressão, foi a pior e a melhor experiência da minha vida", relatou o empresário ao falar sobre como se sentiu ao visitar o local pela primeira vez. Perguntado sobre a mensagem que quer passar com a volta ao mundo, ele disse que "é que todos devem acreditar nos sonhos, fazer o que gosta e desenvolver os talentos, quebrar o padrão e não se prender a esteriótipo social". A vida no Recife Já morando na capital pernambucana, Anderson tentou tentou ganhar a vida vendendo livros. Depois, conseguiu um emprego, mas pediu demissão por não estar satisfeito com o trabalho. Foi quando ele decidiu mudar o próprio rumo. Desempregado e sem conseguir concluir o ensino superior, o jovem não tinha nem o dinheiro do aluguel garantido, chegou a passar necessidades e apresentar indícios de problemas psicológicos. Enfrentar essas dificuldades fez de Anderson um empreendedor: ele começou a vender capinhas de celular, juntou dinheiro e fez intercâmbio na Irlanda. O 59º país que Anderson viajou durante a volta ao mundo foi a Croácia Anderson Dias/Arquivo Pessoal Após passar uma temporada na Europa, o jovem voltou ao Brasil na expectativa de conseguir um bom emprego, mas não passou por nenhuma entrevista. Foi quando ele decidiu voltar a vender capinhas de celular, fortalecendo o produto por meio do marketing digital. Em seguida, fez coworking e montou uma loja. "Embora tenha chegado onde minha família e a sociedade gostariam que eu chegasse, em termos financeiros, eu não estava satisfeito e queria fazer algo diferente, não seguir padrões e encontrar minha realização pessoal", ressaltou. Melhor país Anderson já conheceu 64 dos 196 países. Destes 64, o jovem contou ao G1 qual das nações é a melhor na visão dele. "O Haiti. Lá tive a maior experiência da minha vida. Em termo de choque de realidade, aprendi a não julgar aspessoas. A extrema pobreza que eles têm despertou meu lado mais humano". Já sobre qual país ele escolheria para viver, o empresário foi enfático: "Não trocaria o Brasil. Quanto mais viajo, mais tenho certeza disso". Budapeste, na Hungria, foi outra cidade que Anderson conheceu na Europa Anderson Dias/Arquivo Pessoal Documentário Anderson Dias retorna para o Brasil no segundo semestre de 2019. Quando regressar, ele pretende gravar um documentário. "Eu vou filmar 196 pessoas - uma de cada país. Nesse documentário elas vão falar qual é o maior sonho delas, no idioma delas", afirmou. O objetivo da produção é mostrar que existem várias formas do ser humano ser feliz. "A sua felicidade pode não ser a minha felicidade", completou. Como comprovar ao Guinness? Para conseguir quebrar algum recorde ou realizar um feito inédito, a pessoa precisa, antes de tudo, entrar em contato com Guinness e preencher um formulário de inscrição. Após a inscrição ser aprovada, serão disponibilizados dois documentos: as "Regras do Recorde" e o "Guia para as Suas Evidências". Anderson posta fotos dos países que conhece e dá dicas para os viajantes que desejam conhecer os locais que ele visita Instagram/Reprodução O guia, por exemplo, traz informações detalhadas das evidências que a pessoa deve enviar para que o Guinness World Records possa verificar se o recorde realmente foi alcançado. Fotos, vídeos e documentos com assinaturas de testemunhas são algumas das provas exigidas. "Paguei US$ 700 para fazer a inscrição, eles avaliaram o projeto e viram que eu estava apto para concorrer. Quando cheguei no Paraguai, o relógio começou a contar", disse Anderson. *Sob supervisão de Joalline Nascimento

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