Casal se conhece pela internet e passa a morar junto para manter viva profissão em extinção na Amazônia


Odair e Noêmia atuam na carpintaria naval, caracterizada pela fabricação de barcos de madeira. Concorrência com indústria e falta de interesse dos mais novos ameaça produção. Famílias mantêm tradição da carpintaria naval, mesmo com a concorrência industrial A produção de embarcações de madeira através da carpintaria naval, profissão quase que artesanal e repassada de geração em geração no interior da Amazônia, está entre as que corre risco de extinção em função da disputa com a indústria de barcos e do menor interesse das novas gerações pela arte, que requer, principalmente, tempo e dedicação. No interior do Amapá, onde famílias de carpinteiros seguem mantendo viva a profissão, que para muitos é único o ganha pão, um casal que se conheceu pela internet se juntou para seguir com a produção, requisitada normalmente por pescadores e ribeirinhos. LEIA TAMBÉM Falta de carpinteiros, Covid-19 e baixa procura ameaçam produção artesanal de embarcações Baixa procura ameaça renda dos carpinteiros navais artesanais no Amapá O carpinteiro naval Odair José Pereira que atua há mais de uma década com a fabricação de barcos de madeira agora tem uma parceira para perpetuar a arte. A conversa virtual com a Noêmia da Silva se tornou amor e há cerca de 1 ano os dois vivem juntos. Ela pouco a pouco busca aprender as técnicas. Noêmia da Silva e Odair José Pereira se conheceram pela internet há 1 ano Jorge Júnior/Rede Amazônica Noêmia deixou a cidade natal, Belém, capital do Pará, atravessou o Rio Amazonas e veio morar com Odair na comunidade ribeirinha de Elesbão, em Santana, na Região Metropolitana de Macapá. "Não conhecia [a carpintaria naval], conheci ele [Odair] pela internet e acabei vindo para cá. Foi um amor pela internet e estou aprendendo com ele a fabricar barcos. De tudo a gente faz na vida, de tudo um pouco, é trabalho. Esse amor vai durar muito, pelo resto das nossas vidas", disse. Barcos de madeira levam até 60 dias para serem produzidos na carpintaria naval Jorge Júnior/Rede Amazônica Apesar de ser uma produção artesanal, a carpintaria naval tem se desenvolvido nas últimas décadas, principalmente para dar mais segurança às embarcações. O uso de novas ferramentas garante mais rapidez nos trabalhos, tendo em vista, que a produção média varia de 30 a 60 dias dependendo do tamanho. "Quando cheguei aqui ele estava construindo aqui um de 18 metros. E ficava pensando em como ele fazia para a madeira ficar 'enrolada' [curvatura] e depois fui vendo como ele faz com jeitinho, ficando tudo perfeito", completou Noêmia. Para manter o sustento, Odair conta que consegue fabricar até seis embarcações por ano e atua desde a compra da madeira, das ferramentas até o acabamento. Carpintaria naval é arte repassada de geração em geração no Amapá Rede Amazônica/Reprodução Mesmo com o risco da profissão ficar mais escassa, ele relata o jeito simples de levar a vida e como a profissão ajuda a perpetuar a cultura do ribeirinho da Amazônia. "Fica bem na frente da casa, abre a porta e já está no trabalho. Almoça em casa, é mais prático", brinca o carpinteiro. Noêmia da Silva e Odair José Pereira se conheceram pela internet há 1 ano Jorge Júnior/Rede Amazônica Veja o plantão de últimas notícias do G1 Amapá ASSISTA abaixo o que foi destaque no AP:

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