Estudo: em 3 décadas, Amazônia perdeu área equivalente aos estados de SC, PR, SP, RJ e ES

O Mapbiomas pesquisou a área conhecida como Pan-Amazônia, região da floresta que alcança nove países: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Suriname Guiana e Guiana Francesa. Estudo revela que a Floresta Amazônica perdeu área equivalente à do Chile em três décadas Mas os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais mostram que a destruição da Amazônia está aumentando. Em relação ao número de queimadas, este foi o pior mês de junho em 13 anos. O desmatamento na floresta não começou agora. Um levantamento do Mapbiomas pesquisou, nos últimos 34 anos, a área conhecida como Pan-Amazônia, região da floresta que alcança nove países: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. Em 1985, a floresta e campos naturais ocupavam praticamente todo espaço. Ano a ano, como mostram as imagens, o desmatamento foi aumentando até chegar em 2018 a uma perda de 724 mil quilômetros quadrados. A área desmatada equivale a mais do que a soma dos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. O Brasil foi o país que mais perdeu floresta. A agricultura e pecuária avançaram nessas áreas. Em 1985, ocupavam 319 mil quilômetros quadrados. Em 2018, 960 mil. O coordenador-geral do Mapbiomas, Tasso Azevedo, alerta que essa perda de floresta pode prejudicar os próprios agricultores que desmatam. “Ela significa uma ameaça ao clima do país. Especialmente para o regime de chuvas. Então, o que as pesquisas têm mostrado é que o período seco nas regiões de fronteira entre a Amazônia e o Cerrado, que é um celeiro de produção agrícola brasileira, por exemplo, a cada década tem aumentado de seis a sete dias o período seco. E esse aumento do período seco pode inviabilizar a chamada safrinha, a segunda safra agrícola”, explica Tasso. O estudo do Mapbiomas vai até 2018. Mas outro levantamento, do Inpe, mostra o que aconteceu com a Amazônia em junho. A situação piorou ainda mais; o maior número de queimadas num mês de junho dos últimos 13 anos: 2.248 focos de incêndio - um aumento de quase 20% em relação a junho de 2019. O diretor executivo da organização não-governamental WWF lembra que a temporada da seca na Amazônia está apenas começando - quando as queimadas, normalmente, se intensificam - e cobrou medidas do governo. Desde maio, as Forças Armadas estão na região para tentar reduzir o desmatamento ilegal. “É preciso adotar uma abordagem de intolerância total às atividades ilegais na Amazônia. Precisa realmente punir as atividades de garimpo, de grilagem, invasão de terras públicas, e isso precisa acontecer imediatamente. Senão, a gente vai ter uma situação muito pior nos próximos meses”, afirma Maurício Voivodic. O aumento nas queimadas e a política ambiental do governo têm sido muito criticadas. E, além disso, há consequências econômicas. Na semana passada, um grupo responsável por investimentos de R$ 20 trilhões enviou carta aberta às embaixadas brasileiras nos Estados Unidos, Japão, Noruega, Suécia, Dinamarca, Reino Unido, França e Holanda. Os investidores estrangeiros alertaram que acompanham com profunda preocupação a tendência de aumento do desmatamento no Brasil. O Ministério do Meio Ambiente não quis se manifestar. A assessoria do vice-presidente, Hamilton Mourão, que comanda o Conselho da Amazônia e as operações na região, declarou que vai fazer uma depuração dos dados, mas considera que há, sim, uma aparente elevação no número de queimadas, e afirmou que o aumento pode estar ligado ao início do período de preparação da terra com queimadas, pelos agricultores, o que é comum na área.

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