Com fronteiras fechadas, mochileiros no Peru relatam desinformação e dificuldade para voltar ao Brasil


Um deles, natural de Osvaldo Cruz (SP), contou que há dezenas de brasileiros em Cusco na ânsia de voltar para casa, mas não conseguem saber quando será possível. Kobayshi está em Cusco, no Peru, sem saber quando conseguirá voltar para casa, assim como vários brasileiros Arquivo pessoal/Vitor Kobayashi Sair em mochilão, “turistar” na ânsia de conhecer países, culturas, locais diferentes. A sensação é maravilhosa, porém, o que seria uma aventura se transformou em preocupação devido ao avanço do coronavírus. Natural de Osvaldo Cruz (SP), o mecânico de empilhadeiras e universitário Vitor Kobayashi, de 24 anos, seguia um itinerário pela América do Sul até que se viu “trancado” no Peru e junto a dois amigos, dos estados da Bahia e Rio de Janeiro, vive dias de tensão sem saber quando ou como vai voltar ao Brasil. A viagem começou no dia 3 de março. Kobayashi contou ao G1 que saiu de Araçatuba (SP), cidade onde mora e estuda, para seguir primeiramente ao Chile. Na sequência, o grupo seguiu para a Bolívia e foi após atravessar a fronteira para o Peru que soube do fechamento das fronteiras e que não conseguiria sair do país. “Isso já vai fazer sete dias”, comentou. O também estudante de engenharia mecânica e os amigos souberam na segunda-feira (16) sobre as fronteiras fechadas por meio de um pronunciamento na televisão. Turistas souberam do fechamento das fronteiras por meio de pronunciamento transmitido pela televisão Arquivo pessoal/Vitor Kobayashi O grupo seguiria com o mochilão até dia 2 de abril, mas devido à pandemia da Covid-19, tudo está fechado, ou seja, não há como os brasileiros conhecerem pontos turísticos, como a Montanha Colorida e Machu Picchu. A "sorte", conforme disse Kobayashi ao G1, é que os turistas já haviam reservado um hostel, então tiveram onde ficar. Já no aeroporto, a situação foi contrária: tudo cancelado e sem passagens disponíveis para compra e venda. As passagens de retorno ao Brasil seriam compradas quando o grupo chegasse ao Peru, pois já saberia quais seriam os melhores horário e data, conforme o cronograma do mochilão, mas se deparou com tudo paralisado. “Na segunda-feira quando chegamos a ordem já era 'Não saia na rua'. O Exército está na rua e se a gente sai para ir ao mercado eles param a gente e temos que ter o documento do hostel que a gente está hospedado, temos que comprovar que estamos hospedados aqui, e dizer para onde a gente está indo”, contou ao G1. O rapaz ainda falou que o uso de máscaras no país é obrigatório. Também há controle na saída do hostel e horário para ir às ruas. “Não podem sair mais de duas pessoas do hostel. Então, se a gente vai fazer compras, tem que se organizar para saírem no máximo duas pessoas. Há um toque de recolher, que a gente só pode sair das 5h às 20h”, relatou. Grupo foi ao aeroporto de Cusco neste sábado (21) Arquivo pessoal/Vitor Kobayashi Fronteiras fechadas “O que mais preocupa a gente é que saiu um decreto de que estão fechando as fronteiras, as vias aéreas, vias terrestres, e a gente não poder sair daqui. Um policial falou que a situação pode ser que se prorrogue por mais 30 ou até 90 dias, e a nossa maior preocupação é não conseguir sair do país”, desabafou ao G1. Há dias os brasileiros precisam ficar dentro do hostel, exceto para comprar comida, e a preocupação aumenta, pois não se sabe quantos dias a quarentena vai durar e quando Kobayashi receberá uma resposta do governo, “tendo que pagar hostel, tendo que pagar comida, com uma moeda mais cara” que o real. “Por enquanto a gente ainda tem dinheiro para pagar o hostel, pagar alimentação, porém a gente não sabe até quando vamos ter dinheiro para se manter aqui ou até quando a gente vai ficar aqui”, salientou ao G1. Transporte ao aeroporto, em Cusco, no Peru, contou com o apoio do Exército Arquivo pessoal/Vitor Kobayashi Lista A esperança é de que seja liberados o quanto antes voos para os brasileiros retornarem às suas origens, o que já foi feito para algumas pessoas. O Ministério do Turismo e o Ministério de Relações Exteriores estão trabalhando com listas de repatriação, mas no nome de Vitor Kobayashi ainda não está na relação. “A situação é que a gente não está tendo resposta dos órgãos competentes sobre o que pode ser feito, o que vai ser feito, quando vai ser feito, quais providências vão ser tomadas. Alguns brasileiros conseguiram embarcar hoje em voos da Latam, cerca de 200, porém ficaram ainda cerca de 150, 200 brasileiros aqui na frente do aeroporto”, contou ao G1. Nesta sexta-feira (20), eles viram em redes sociais uma nota do Ministério do Turismo na qual falava da lista de pessoas que poderiam embarcar para o Brasil, então, neste sábado (21), seguiram para o aeroporto. Na tarde deste sábado (21) o grupo estava no aeroporto e contou ao G1 como foi: “Agora a gente está aqui na frente do aeroporto, a polícia do Peru está disponibilizando alguns ônibus para levar a gente pra Plaza de Armas, que é a Praça Central aqui de Cusco, onde a gente pegou os caminhões do Exército; pegaram a gente lá hoje pela manhã, às 6h, e trouxeram até o aeroporto”, contou. No aeroporto, o voo seria liberado para quem tivesse o nome na lista. “Nem todas as pessoas que estavam na lista foram pros voos. Estou em contato com embaixada, Ministério do Turismo, fiz todos os cadastros necessários, porém, meu nome ainda não consta na lista. O nome dos dois rapazes que estão comigo já constam; eles fizeram os mesmos cadastros que eu”, afirmou o mecânico ao G1. Não há voos comerciais disponíveis e o universitário declarou que também espera um possível voo ou outro transporte humanitário que lhes dê condições para voltarem ao Brasil. “Apesar de estarmos nessa situação, nós temos alimentação, temos onde dormir. Porém, existem pessoas que estavam numa situação muito pior do que a nossa. Hoje haviam vários idosos, crianças, crianças pequenas na fila do aeroporto. A situação não afeta só a gente, nós três, tem muitas outras pessoas que não conseguiram embarcar”, declarou. Grupo tenta comprar passagens, mas não há serviço disponível Arquivo pessoal/Vitor Kobayashi Repatriação Em nota ao G1, o Ministério de Relações Exteriores informou que, “além dos dois voos que partiram ontem [20/03] de Lima, um voo da Latam saiu hoje à tarde de Cusco com destino a São Paulo (e escala em Lima) com 182 passageiros”. A Embaixada do Brasil em Lima, no Peru, publicou os seguintes comunicados para os brasileiros que ainda permanecem em Cusco: "O governo brasileiro continua muito atento à situação dos turistas brasileiros que permanecem em Cusco e segue empenhado na busca de solução para a repatriação dos cidadãos brasileiros o mais rapidamente possível. A Embaixada conseguiu autorização para o deslocamento de um diplomata e um militar brasileiros para auxiliar àqueles que ainda permanecem em Cusco. Os funcionários chegarão a Cusco amanhã, 22/3. Seus dados de contato serão fornecidos oportunamente.” O Ministério de Relações Exteriores ainda enviou ao G1 o seguinte esclarecimento: “Diante da decisão do governo peruano de fechar os aeroportos em todo o país a partir de domingo, a Embaixada esclarece que permanecem autorizados voos ‘charters’ para repatriação de turistas estrangeiros que permanecem no Peru, mediante tramitação diplomática. O governo brasileiro segue em intensas tratativas com as companhias aéreas para o retorno seguro dos turistas brasileiros retidos no Peru.” “Reiteramos mais uma vez que nenhuma embaixada ou consulado do Brasil encontra-se fechado. No entanto, para evitar aglomerações e por conta das restrições impostas pelas autoridades locais, muitas vezes foi necessário adaptar o regime de trabalho, com horários especiais de atendimento ou teletrabalho, mas sempre com telefone e e-mails emergenciais à disposição. Recomenda-se aos cidadãos brasileiros checar qual o regime de trabalho de cada repartição por meio da página de embaixadas e consulados na internet. Com relação a outros países, informamos que há voo em andamento do Marrocos para o Brasil com 203 passageiros. Durante o dia de hoje, 1433 brasileiros embarcaram em Lisboa para o Brasil com apoio da embaixada e dos consulados do Brasil em Portugal. Já foram realizados voos a partir de Angola e está previsto voo a partir do Suriname. O Itamaraty continua trabalhando para prestar assistência aos brasileiros no exterior e fazendo esforços para abertura excepcional de espaços aéreos, e em entendimentos com companhias aéreas, para a realização de voos destinados a repatriar os brasileiros. Sugerimos manter consulta às páginas das embaixadas e consulados do Brasil no Facebook e Twitter, assim como aos perfis do Itamaraty nas redes sociais, que estão sendo constantemente atualizados com informações sobre a operação de repatriação. O Itamaraty agradece a colaboração da imprensa em ajudar na divulgação dos dados para a comunidade brasileira.” Vitor Kobayashi fazia mochilão por países da América do Sul Arquivo pessoal/Vitor Kobayashi Vitor Kobayashi fazia mochilão por países da América do Sul Arquivo pessoal/Vitor Kobayashi Vitor Kobayashi fazia mochilão por países da América do Sul Arquivo pessoal/Vitor Kobayashi Initial plugin text Veja mais notícias em G1 Presidente Prudente e Região.

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