Belenenses por escolha: personalidades que abraçaram o Pará por meio do reconhecimento


A cantora francesa Lia Sophia e o fotografo paulista Miguel Chicaoka, reconhecidos popularmente como paraenses contam sobre o processo de identificação e reconhecimento com Belém, que comemora 404 anos neste domingo (12). Fervoroso, o povo paraense constrói para turistas e visitantes uma reputação calorosa, em que o acolhimento é garantido em uma cidade como Belém, em que muitos são conquistados seja pelo paladar, pela cultura ou pela diversidade amazônida. A cantora francesa Lia Sophia e o fotografo paulista Miguel Chicaoka foram dois visitantes que se instalaram em Belém e aqui encontraram uma fonte de inspiração, e agora levam consigo toda a riqueza de características paraenses Brasil a fora, sendo reconhecidos popularmente como artistas do Pará, mesmo que não tenham nascido no estado. Na comemoração de 404 anos de Belém, os artistas descrevem como é a relação com a identidade da cidade. “Sou paraense! Só não nasci aqui”. Projetada nacionalmente como a cantora paraense dona da música ‘Ai Menina’, que embalou cenas da novela ‘Amor Eterno Amor’, Lia Sophia não nasceu em solo brasileiro. Francesa nascida em Caiena, na Guiana Francesa, Lia viveu ainda por 14 anos em Macapá, no Amapá, até enfim conhecer a capital paraense, onde entrou em contato com a cultura que influencia seus trabalhos até hoje em dia. Cantora francesa-brasileira Lia Sophia tem Belém como fonte de inspiração. Divulgação A adaptação na capital paraense aconteceu de forma natural para Lia, que encontrou em Belém um povo caloroso repleto de diversidade, como definiu em duas frases: “um lugar de cultura e sabores únicos. Uma cidade que nos abraça e nos convida a ficar”. Apesar da tranquilidade em se adaptar à cidade, o fator insegurança pesou para Sophia, que aos 16 anos chegou à Belém, considerada em uma ‘cidade grande’ se comparada com Macapá da época. “Lá (em Macapá) nós ainda dormíamos com a porta destrancada e janelas abertas, enquanto na cidade grande o cuidado tinha que ser redobrado por causa da violência. Aos poucos fui me adaptando e entendendo que o ‘desenvolvimento’ deixa as suas marcas”, disse Lia. Lia Sophia lança single 'Festa da vida'. Divulgação A aura cultural e social envolta na realidade belenense inspiraram e incentivaram o início da carreira artística profissional de Lia. "Em Belém conheci poetas incríveis, músicos excepcionais, a arte está nas ruas da cidade, nos casarões antigos da Cidade Velha, na beira do rio, na chuva da tarde, no jeito de falar das pessoas, na dança, nas roupas coloridas. Tudo isso influencia o meu trabalho e as minhas canções”, ressaltou a cantora. Fotografo Miguel Chicaoka idealizador da obra coletiva 'Urublues' construindo o mosaico. Miguel Chicaoka Fotografo paulista de ascendência nipônica, Miguel Chicaoka sempre teve dentro de si a vontade latente em descobrir o Brasil para além do contexto em que estava inserido. “Eu queria sair de São Paulo e ir para uma outra região qualquer que fosse, para onde o vento apontasse, digamos assim”. Por coincidências do destino e relatos de amigas que vivenciaram Belém, Miguel veio para a cidade aos 30 anos, após passar três anos fazendo doutorado de engenharia no exterior. O fotografo Miguel Chicaoka tem o elemento água, característico do Pará, como uma das suas principais inspirações. Miguel Chicaoka “Belém para mim se deu como um lugar de descobertas, minha adaptação foi natural na busca em entender, me situar aqui sem um pré julgamento”. Diante do contexto amazônida belenense, Chicaoka naturalmente encontrou elementos que acolheram e incentivaram a produção de um fotojornalismo militante, alternativo, engajado politicamente, culturalmente e socialmente. ‘Eu tive uma acolha desde o clima, essa coisa envolvente do calor do mormaço, da chuva e das águas sobretudo”, descreveu Miguel. Fotografia do fotografo paulista Miguel Chicaoka, reconhecido popularmente como paraense. Miguel Chicaoka Em suas obras, o fotografo exalta a diversidade característica do contexto amazônico e salienta principalmente as formas como a água se apresenta na região. “Algo que me marca muito aqui como pulsação talvez seja o elemento água, com a sua presença, a natureza como um todo, mas as águas desde o início, desde o primeiro banho de chuva, até os dias atuais eu acho que a água é um elemento muito forte que da região”, detalhou Chicaoka. Alguns dos mais de oito mil pixels que compõe a obra 'Urublues' do fotografo Miguel Chicaoka Miguel Chicaoka Ao ser convidado para produzir uma obra sobre Belém para ser lançada na inauguração do Memorial dos Povos, Miguel pensou no Ver-o-Peso retratado através de diversos olhares e perspectivas. Assim surgiu a obra coletiva ‘Urublues’, um painel mosaico constituído por mais de oito mil fotos, produzidas por 121 participantes, que trouxeram uma riqueza de planos e interpretações. A escolha do cotidiano do complexo do Ver-o-Peso como tema se relaciona com a proposta da obra lançada em 2003, em que ao ser olhada de longe, é possível observar uma grande fotografia, e ao ser olhada de perto, as singulares de olhares de cada participante da obra são evidenciadas. “Quem vê o Ver-o-Peso de longe vê um formigueiro humano; de perto, cada pessoa é um mundo”, exclamou Chicaoka. Obra coletiva 'Urublues' em formato mosaico exposta no Memorial dos Povos. Miguel Chicaoka *sob supervisão de Gil Sóter e Taymã Carneiro

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