Sínodo dos Bispos começa refletindo sobre ‘ameaças à vida’ na Amazônia

Dom Cláudio Hummes, que é o relator-geral do evento, afirmou que “a vida na Amazônia talvez nunca tenha estado tão ameaçada como hoje”. Na primeira sessão do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, nesta segunda-feira (7), o cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes apresentou os temas centrais que guiarão a assembleia até o dia 27 de outubro, no Vaticano. Hummes, que é o relator-geral do evento, afirmou que “a vida na Amazônia talvez nunca tenha estado tão ameaçada como hoje”. Sínodo da Amazônia começou no domingo; entenda o que está em discussão Papa Francisco diz que Amazônia precisa do 'fogo do amor' e não do 'fogo ateado por interesses que destroem' Cardeal Hummes defende demarcação de terras indígenas em Sínodo da Amazônia O Sínodo é um encontro do Papa com líderes religiosos da região amazônica e deve fazer propostas sobre temas ambientais e sociais. Além disso, como a própria Igreja Católica pode melhorar sua presença na Amazônia para “evangelizar” os povos locais e minimizar seus problemas. As chamadas “ameaças à vida” são um fio condutor presente em praticamente todos os temas centrais do Sínodo. O cardeal Hummes mencionou, por exemplo, “a destruição e exploração ambiental”, “a violação dos direitos dos povos indígenas”, a “a grave e urgente crise climática e ecológica que atinge todo o nosso planeta”, referindo-se ao aquecimento global, e o crescimento das periferias e das migrações nas cidades da região amazônica. Além disso, destacou alguns pontos do documento que orienta os trabalhos do Sínodo, chamado “Instrumentum Laboris”, resultado de uma consulta realizada junto à população dos nove países que têm territórios na Amazônia (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela): criminalização e assassinato de líderes e defensores dos territórios apropriação e privatização de bens da natureza, como a água concessões a madeireiras legais e a entrada de madeireiras ilegais caça e pesca predatórias, principalmente nos rios megaprojetos, como hidrelétricas, concessões florestais, desmatamento para produzir monoculturas, estradas e ferrovias, projetos mineiros e petroleiros contaminação ocasionada por todas as indústrias extrativistas que causam problemas e enfermidades narcotráfico problemas sociais associados, como alcoolismo, violência contra a mulher, prostituição de menores, tráfico de pessoas, perda de sua cultura originária e as condições de pobreza Dom Cládio afirmou que, aos buscar “novos caminhos”, a Igreja não pode “ter medo do novo”. Entre os temas mais internos, voltados à pastoral da Igreja, estão a falta de padres – para a qual o Sínodo pode propor a ordenação de homens casados de boa reputação –, a lideranças das mulheres em algumas comunidades, e a integração das culturas indígenas nas práticas e ritos católicos. Ecologia integral O tema central do encontro é “Amazônia: Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Segundo o Papa Francisco, os problemas sociais e ambientais têm a mesma origem, e por isso ele fala em uma “ecologia integral”. “A missão da Igreja hoje na Amazônia é o núcleo central do sínodo. É um sínodo da Igreja e para a Igreja. Não uma Igreja cerrada em si mesma, mas integrada na história e na realidade do território – no caso, a Amazônia – atenta aos gritos de socorro e às aspirações da população e da ‘casa comum’ [o planeta Terra], aberta ao diálogo, sobretudo ao diálogo inter-religioso e intercultural, acolhedora e desejosa de compartilhar um caminho sinodal com as outras Igrejas, religiões, ciência, governos, instituições, povos, comunidades e pessoas, respeitando as nossas diferenças” - Dom Cláudio Hummes, relator-geral do Sínodo Em um breve discurso informal, no início da sessão, o Papa Francisco disse que o Sínodo para a Amazônia tem quatro dimensões: pastoral, cultural, social e ecológica. Ele disse, ainda, que é preciso tomar cuidado com ideologias que ameaçam a Amazônia. “As ideologias são uma arma perigosa”, afirmou, porque tendem a ignorar as diferenças entre os diferentes grupos e "homogeneizar" as comunidades. O Papa pediu aos bispos que falem com liberdade, mas também escutem uns aos outros com humildade, e se deixem guiar por Deus. “Vamos caminhar sob a guia do Espírito Santo, deixar que Ele se expresse nesta assembleia, entre nós, conosco, através de nós e se expresse apesar da nossa resistência.”

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