Sínodo da Amazônia começa neste domingo; entenda o que está em discussão


Encontro de bispos católicos vai ocorrer no Vaticano de 6 a 27 de outubro. Sala do Sínodo, na qual se realizam os encontros do Papa com bispos de todo o mundo Divulgação/Vatican Media O Sínodo da Amazônia, encontro de bispos da Igreja Católica que neste ano vai discutir a floresta, começa neste domingo (6) e vai até o dia 27 de outubro, no Vaticano. No encontro serão discutidos temas ambientais, sociais e próprios da Igreja Católica presente nos nove países que compreendem territórios da região amazônica: : Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Guiana, Guiana Francesa, Venezuela e Suriname. Participam bispos, padres e freiras dessa região, além de estudiosos, pessoas ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU) e membros dos escritórios do Vaticano (a Cúria Romana). Como a maior parte da floresta está no Brasil, o sínodo terá muitos participantes brasileiros. O mais importante deles é o relator-geral, responsável pela redação dos documentos, o cardeal Dom Claudio Hummes. Entenda por que o Vaticano prepara um encontro sobre a Amazônia Cardeal Hummes defende demarcação de terras indígenas em Sínodo da Amazônia Veja abaixo os principais pontos do encontro e o que será discutido: O que é o Sínodo? A palavra "sínodo" vem do grego “sýnodos” e quer dizer “reunião”. Na Igreja Católica, o sínodo pode ser qualquer reunião entre os praticantes desta religião. Em 1965, Paulo VI criou o Sínodo dos Bispos. A ideia é reunir Papa e Bispos para discutir temas importantes que podem ser ou não religiosos. Antes da Amazônia, os temas escolhidos haviam sido jovens e família, por exemplo. Por que o sínodo vai falar da Amazônia? O sínodo deste ano foi convocado em outubro de 2017 pelo Papa Francisco. A ideia, segundo o Vaticano, é debater as dificuldades de a Igreja atender os povos da região, especialmente os indígenas. De acordo com a Igreja Católica, faltam padres, as distâncias entre as comunidades são longas e a carência de serviços públicos acaba fazendo com que a Igreja assuma papéis de assistência social. "O problema essencial é como reconciliar o direito ao desenvolvimento, inclusive o social e cultural, com a tutela das caraterísticas próprias dos indígenas e dos seus territórios", afirmou Papa Francisco, em fevereiro de 2017. Modelo econômico para a Amazônia será alvo de críticas no Sínodo Bispos pedem 'medidas sérias' contra queimadas na Amazônia Lideranças na Amazônia são ‘criminalizadas como inimigos da Pátria', dizem bispos O que será discutido no Sínodo da Amazônia? O documento que orienta a reunião tem duras críticas ao atual modelo de desenvolvimento da Amazônia. Entre os pontos a serem debatidos estão: a complexa situação das comunidades indígenas e ribeirinhas, em especial os povos isolados; a exploração internacional dos recursos naturais da Amazônia; a violência, o narcotráfico e a exploração sexual dos povos locais; o extrativismo ilegal e/ou insustentável; o desmatamento, o acesso à água limpa e ameaças à biodiversidade; o aquecimento global e possíveis danos irreversíveis na Amazônia; a conivência de governos com projetos econômicos que prejudicam o meio ambiente. Por que o Papa Francisco escolheu falar da Amazônia? O Papa Francisco é o Papa que mais se dedicou à pauta ambiental. A encíclica Laudato si' (Louvado seja) foi um dos documentos mais importantes que já escreveu e teve impacto, por exemplo, nas discussões que levaram ao Acordo de Paris. Há quatro anos, Francisco lançou uma encíclica repleta de críticas ao modelo de desenvolvimento que destrói o meio ambiente sem compromisso com a inclusão social. Para o Papa Francisco, os problemas sociais e ambientais não podem ser analisados separadamente. O aniversário da Encíclica mais verde da história Terão outros temas além da Amazônia? Além da Amazônia, serão discutidos outros temas, como a liderança das mulheres nas comunidades cristãs, a falta de padres, o diálogo com evangélicos e outros grupos religiosos. Quais as críticas ao Sínodo? Autoridades do governo federal brasileiro já manifestaram preocupações sobre este Sínodo. O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, admitiu que a interferência de estrangeiros nas questões amazônicas incomoda a administração do presidente Jair Bolsonaro. Em nota publicada em fevereiro, em resposta ao jornal "O Estado de S. Paulo", o GSI admitiu "preocupação funcional com alguns pontos da pauta" do sínodo sobre a Amazônia. "Parte dos temas do referido evento tratam de aspectos que afetam, de certa forma, a soberania nacional", diz a nota. O GSI negou, no entanto, que a Igreja seja alvo de investigações da inteligência. Quais serão as conclusões do Sínodo? A função do Sínodo dos Bispos não é propor soluções técnicas. A ideia é apresentar princípios para que os envolvidos busquem as soluções. Segundo Dom Cláudio Hummes, o principal "alvo" das propostas do Sínodo são os próprios participantes, líderes da Igreja na região amazônica. “Não vamos dizer ‘façam vocês’, mas sim o que ‘nós devemos fazer’ como Igreja missionária e aberta ao diálogo”, afirma. De acordo com Dom Cláudio, quando as outras partes envolvidas nos temas amazônicos não estiverem abertas ao diálogo (governos e empresas internacionais, por exemplo), é função da Igreja “denunciar os problemas e propor novos caminhos”. Sínodo para a Amazônia, encontro de bispos católicos, começa neste domingo (6)

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