A visita estratégica de Pompeo a Roraima


De olho no eleitorado da Flórida, secretário de Estado americano se reúne com imigrantes venezuelanos no Brasil, enquanto planos de Trump para a mudança de regime estão estagnados. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, durante entrevista coletiva em Washington, em foto de março Reuters/Yuri Gripas Num momento em que os esforços dos EUA para obter a mudança do regime na Venezuela estancaram e as eleições americanas se aproximam, o secretário de Estado, Mike Pompeo, desembarca estrategicamente nesta sexta-feira em Boa Vista, Roraima, para destacar o apoio do governo Trump à democracia na Venezuela. Nicolás Maduro manobra para recuperar, em dezembro, o controle da Assembleia Nacional, num pleito boicotado por grande parte da oposição. Até agora, as investidas do presidente americano para ver Maduro fora do poder se mostraram inócuas. Primeiro país a reconhecer Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, os EUA aplicaram rigorosas sanções à indústria de petróleo e ao círculo íntimo de Maduro. Emitiram ordem de captura ao ditador e outros dirigentes. Ao mesmo tempo, a aposta do governo americano no líder opositor frustrou Trump. Embora asfixiado economicamente, com 80% da população na pobreza extrema, Maduro buscou socorro em outros regimes autoritários, como Rússia, China e Turquia. Sustentou-se no cargo ajustando o aparelho estatal ao modelo chavista, fortalecendo a repressão e enfraquecendo opositores para retomar o comando do Parlamento, o único poder ainda não controlado pelo regime. É neste contexto que Pompeo aterrissa em Boa Vista para passar a tarde, acompanhado do chanceler Ernesto Araújo. A viagem inclui também passagens por Guiana, Suriname e Colômbia -- sempre com foco em Caracas. A fronteira entre o Brasil e Venezuela está fechada há seis meses, e o número de refugiados que ainda se arriscam a cruzar trilhas periféricas durante a pandemia do novo coronavírus caiu drasticamente. Embora não haja indícios de crise aguda no fluxo de migração, o secretário de Estado visitará abrigos para reunir-se com venezuelanos que se refugiaram em Roraima e representam uma parcela dos cinco milhões que deixaram o país. Com a visita, Pompeo manda uma mensagem expressiva à comunidade venezuelana da Flórida, a maior dos EUA, com 200 mil exilados: o governo Trump ainda se importa e está empenhado em uma mudança na Venezuela. O estado é crucial para Trump e Biden, que estão tecnicamente empatados na disputa pelos 29 votos do Colégio Eleitoral. Demonstrar desapreço aos chavistas e ao regime é a chave para obter o apoio desta poderosa base. E, sob este aspecto, ambos os candidatos pouco diferem.

from G1 https://ift.tt/2ZNjYUr
via IFTTT